13 fevereiro 2006

TEORIAS DE EaD

A definição de EaD assenta numa construção e reestruturação progressiva do conceito, com base na interacção dos sujeitos com as realidades inerentes a uma sociedade em permanente transformação e a um desenvolvimento e expansão de novas tecnologias.


Desmond Keegan, na revisão da sua obra “The Foundations of Distance Education”, de 1996, estabelece três grupos de forma a sistematizar as diferentes abordagens teóricas no domínio da educação a distância:

- Teoria da industrialização, que tem como principal mentor Otto Peters.
- Teorias da autonomia e independência, onde de destacam as propostas de Rudolf Manfred Delling, Charles Wedemeyer e Michael Moore.
- Teorias da interacção e da comunicação, onde se incluem as perspectivas de Börger Homberg, John A. Baath, David Seweart, Kevin Smith e Jonh Daniel.

É sobre as teorias da interacção e da comunicação que irei falar um pouco. Assim sendo, parece-me que o traço comum aos modelos dos vários autores que integram este grupo é, essencialmente, o facto de o sucesso de aprendizagem num ensino desta natureza ter uma forte dependência da capacidade da instituição ou do formador em apoiar e aconselhar individualmente os alunos e de possibilitar a comunicação entre eles. Na perspectiva destes autores, a importância dada a estes aspectos no domínio da educação a distância confere-lhe um estilo de aprendizagem mais personalizada e um sentido de pertença, estimulando a continuação do estudo e atenuando a sensação de isolamento dos alunos, respectivamente.

Homberg propõe um modelo de “comunicação didáctica guiada”, entre os tutores e autores dos materiais de ensino e os alunos, assente numa interacção que se processa a dois níveis: uma comunicação “real” entendida como uma conversação de carácter bidireccional, suportada por telefone ou correspondência postal e uma comunicação “simulada”, de carácter unidireccional com a apresentação dos materiais de ensino.

John A. Baath estuda e discute a aplicação de alguns modelos de ensino presencial à educação por correspondência, tida como um tipo de educação a distância. Esta perspectiva abrange situações de comunicação bidireccional entre professores e alunos, e de alunos entre si, em que a correspondência postal é complementada por comunicações com recurso ao computador, ao telefone e por situações de tutoria individual com sessões presenciais.

David Sewart defende que factores como a existência de um feedback rápido e a existência do grupo de alunos no ensino presencial podem ser transferidos para situações de ensino a distância, introduzindo e valorizando o elemento humano como resposta às necessidades específicas de cada estudante. No entender deste autor, excelentes materiais de ensino a distância não satisfazem totalmente as necessidades que os alunos sentem, as quais só poderão ser ultrapassadas com a existência de serviços de apoio e aconselhamento.

Kevin Smith considera que a arquitectura dos cursos de ensino a distância deve centrar-se no aluno, possibilitando e valorizando uma aprendizagem flexível e individualizada, a frequência de comunicação bilateral entre professores e alunos, e entre estes, com a oportunidade de realização de trabalhos de grupo.


John Daniel conceptualiza a educação a distância sobre dois aspectos: a “independência” e a “interactividade”. Na opinião deste autor, os cursos de ensino a distância devem abranger actividades “independentes”, em que o aluno estuda sozinho embora a um ritmo de estudo controlado e pré-determinado (pacing), e actividades “interactivas”, que pressupõem a existência de feedback em comunicações bidireccionais entre o professor e o aluno, suportadas por telefone ou por correspondência postal.

Bibliografia: Gomes, M. J.(2004), Educação a distância: Um estudo de caso sobre formação contínua de professores via Internet, Braga: Universidade do Minho, 109-123.

2 Comments:

Blogger Prof. Tomé Torres disse...

Sintese muito pertinente sobre as teorias da EAD. Gostei muito de a ler ...

24 fevereiro, 2006  
Blogger Jaqferraz disse...

Olá, Isabel. Gostei muito do temas que abordas no blog. Sou do Brasil, mestranda em Ead e na disciplina sobre Avaliação foi nos solicitado a criação de um blog. O meu é sobre Avaliação e Subjetividade. Vamos trocar idéias?
jaqferraz.blogspot.com

16 novembro, 2006  

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